Uma das reflexões do Livro O que é Mídia - Educação? , de Maria Luiza Belloni, diz respeito à necessidade da escola incorporar o ensino das mídias ou através delas, pois "uma nova autodidaxia" está acontecendo entre os jovens e crianças. A linguagem da nova geração é a linguagem audiovisual. A escola não pode fechar os olhos a isso, sob pena de perder o contato com as novas gerações. Na Zero Hora de 28/08/2006 a reportagem ilustra bem essa teoria.
Fonte Zero Hora 28/10/06
Pais buscam auxílio dos filhos para decifrar a tecnologia digital
TATIANA CRUZ
Uma cena já se tornou padrão em qualquer lar com mãe, pai e filho adolescente. É quando chega a hora de ligar a TV, fazer o DVD rodar, usar o computador ou entender o que aconteceu com a câmera digital que surge a mãozinha de uma geração nascida imersa na tecnologia. E, além de servir de consultor informal da família, é voz decisiva na hora das compras.
Alfabetizadas com a ajuda de um mouse, essas crianças e adolescentes dão o aval que os pais precisam na hora de trocar de celular ou de computador. Em certas casas são elas que decifram para a família um simples aparelhinho: o controle remoto da TV a cabo.
- Pego aquele controle cheio de botões e me perco. Só sei ligar, desligar e mudar de canal. Usar as outras funções é com elas - diz a administradora de empresas Luciene Medeiros Kuhn, referindo-se às filhas Isadora, 13 anos, e Alice, 12.
A dependência declarada não se restringe à TV. Câmera digital ou filmadora, todo o arsenal tecnológico passa pelo crivo das meninas, até mesmo na hora das compras.
- Elas que escolheram o modelo do meu celular. Eu só sei e só quero usá-lo para fazer ligações, mas elas insistiram que é importante ter câmera - conta a administradora.
Embora a videocâmera ganha no Dia das Mães pare mais nas mãos das filhas, Luciene, que só teve TV em casa depois de grande, vê com bons olhos a proximidade dos jovens com a parafernália hi-tech.
- Não uso mais por comodismo, mas acho útil todo esse domínio porque influi na educação. Elas têm mais informação do que eu tinha na idade delas e utilizam quase todo o potencial dos equipamentos - comenta.
Levantamento do instituto de pesquisas Ipsos-Marplan em 2004 demonstra a força dessa geração hi-tech. Realizado com crianças acima de 10 anos das classes A e B em nove centros urbanos, incluindo Porto Alegre, o estudo mostrou que mais da metade, 51%, tinha interesse em computação e 37%, em ciência e tecnologia.
Para o especialista em consumo José Roberto Rezende, diretor da ShoppingBrasil, os filhos estão sendo decisivos nas compras de tecnologia da família, virando uma espécie de manual dos aparelhos.
- Tem uma geração, com mais de 30 anos, com horror a manual. O consumidor médio quer mais simplificação, enquanto os jovens querem desafios - avalia.
Ligadas na rede
Assuntos de maior interesse para crianças acima de 10 anos das classes A e B, em respostas de múltipla escolha:
Televisão 55%
Computação 51%
Ciência e tecnologia 37%
Fonte: pesquisa Consumo Infantil, do instituto Ipsos-Marplan