07 abril 2007

RPG na Educação

Desde os mais remotos tempos, o ser humano teve necessidade de contar e ouvir histórias, de recriar a vida através da ficção. Jesus Cristo, cativava seus discípulos e a multidão de fiéis contando parábolas. Ao longo dos anos muitas formas de narrativas surgiram, orais e escritas, desde lendas, mitos, anedotas, até com a literatura impressa em contos, novelas, quadrinhos, etc. Com a modernidade, valoriza-se a rapidez das informações e a oralidade, na contação de histórias, foi ficando um tanto esquecida.
Role Playing Game - o RPG é uma espécie de ficção que resgata a tradição oral de contar histórias, feita de forma colaborativa, ao estilo moderno de ser, pois utiliza a troca de experiências entre os jogadores. Essa dinâmica do jogo combina muito com a idéia de interação que a web 2.0 trouxe ao mundo virtual, como podemos ver nas páginas wikis, nos blogs e outras tantas ferramentas.
O RPG é uma brincadeira de faz de conta, em que os participantes vestem a pele de personagens(com diferentes habilidades) que vão definindo a história iniciada e conduzida por um narrador(mestre), obedecendo a um sistema de regras . Uma sessão de RPG transforma-se em uma atividade cooperativa em que todos os participantes simulam situações da vida real, interpretando heróis e vilões, que devem enfrentar desafios, não havendo necessariamente vencedores.
Na educação, o RPG pode ser um excelente recurso para desenvolver o hábito da leitura, habilidades narrativas, socialização, noções de ética e cidadania, de forma lúdica e prazerosa. Conforme lembra a colega de curso Roseane:"Muitos de nossos alunos estão acostumados a passar horas jogando em videogames e computadores, imaginem então aliar o prazer da diversão com nossas aulas e ensinar muitos dos conteúdos, de todas as disciplinas, através deles." A colega Ana Rita enfatiza: "Tudo é parecido com a vida real, é uma forma de representar o jogo das relações e cooperação entre os personagens, além de diversificar as áreas do conhecimento interagindo entre elas. Atividades como estas exigem bem mais preparo do professor, e sem dúvida, resulta em maior produtividade dos alunos, sem falar da emoção, prazer, alegria e sintonia do corpo e alma do participante". E Beatriz afirma que "A prática do RPG, por ser um jogo, resgata o interesse e estímulo dos alunos por assuntos que vistos pela ótica tradicional tornam-se desinteressantes e cansativos." Segundo Zina, "o aluno deixa de ser um agente passivo para ser um agente ativo do seu processo de aprendizagem. São inúmeras as dificuldades a vencer, a começar pelos professores que estão acomodados, pelo sistema educacional que não oferece condições mínimas de atuação, pelas escolas com carência de recursos financeiros, materiais e humanos e pela falta de valorização dos governantes com a educação. Sabemos que incluir o RPG em nossas escolas, implica em uma mudança significativa de paradigma e como toda a mudança sempre vem acompanhada de uma certa resistência, é preciso em primeiro lugar motivar os professores, sensibilizá-los para práticas pedagógicas inovadoras. Se analisarmos a filosofia de cada escola, observaremos que todas buscam formar sujeitos cooperativos, criativos, no entanto a prática nos mostra outras ações. Como o RPG tem como características a cooperação, a criatividade, a interatividade, a interdisciplinaridade, creio ser o caminho certo para a construção de uma nova escola".
O RPG pode ser desenvolvido em vários suportes: impresso, eletrônico ou oral. Mas conforme diz Carlos Klimick, em qualquer um deles "não tem por objetivo oferecer histórias completas e fechadas - ainda que possam existir exemplos de histórias e personagens -, mas sim possibilidades, autônomas e imprevisíveis, que se realizam em cada momento de jogo." Ao se pensar em RPG, estamos acostumados a associá-lo ao mundo virtual, no entanto, virtual em RPG deve ser entendido, conforme Pierre Lévy (1997), como um campo em que se atualiza a cada momento de construção de uma personagem e de uma história.Portanto, entendo com o sendo virtual o que não é e pode vir a ser. Essa possibilidade do irreal se tornar real depende da interatividade , da criatividade do grupo envolvido no jogo.
Por ser basicamente uma atividade oral, o RPG desenvolve a comunicação, fazendo com que os alunos vençam a timidez e possibilitando a socialização ao sentirem-se aceitos. Como diz a colega Beatriz, " num mundo tão individualista, onde todos querem ser vencedor não interessando os meios que utilizarão para chegar e a banalização da vida, é bom ver os alunos aprendendo a trabalhar de forma cooperativa para alcançar o mesmo objetivo. Aprendendo a respeitar o outro."
Atividades como essa podem proporcionar uma nova forma de construir conhecimento, em que professores e alunos passam a interagir e aprender juntos. Por ser essencialmente lúdica, o envolvimento dos alunos é maior e a aprendizagem mais eficaz. Para isso é preciso que sejam oferecidas condições aos educadores a fim de que encontrem um ambiente favorável e motivador para desenvolver atividades inovadoras, quebrando paradigmas e preconceitos, tornando a escola um lugar onde a aprendizagem possa ser associada com prazer.
Alguns sítios:

5 comentários:

Alanaleide disse...

Marli,

Lendo o seu blog pude verificar que está fazendo especialização em tecnologia na educação, peço por gentileza que se possivel e tiver algum material sobre os desafios da internet para o professor que envie para meu e-mail: edufamam@gmail.com é que a necessidade torna-se grande estou fazendo uma monografia sobre formação de professor, já li Moran. Porém preciso de mais argumento pois tenho que finalizá-la para entregar no inicio do mês.

Desde já agradeço e peço desculpas pelo abuso.

Alana

Anônimo disse...

Olá Marli. TO passando aqui, e me deparei com esse belo texto sobre o RPG. Vejo uma grande importancia nos RPG, pois a criação faz a sua representação onde ela se cria e re-cria, interage, onde ela se coloca como agente principal na construção do conhecimento, onde fica evidente a importância de se refazer certezas e reconstruir. Outro dia escrevi um artigo aqui para uma instituição onde destaquei alguns pontos que considero relevantes e repito essa fala: """A criança precisa ser alguém que cria, que pula, que se simula em outros ambientes, que imagina, que reflete, que ri e que chora, para que depois saiba ser alguém que age, que saiba viver sadiamente com as dificuldades da vida. Saber se colocar no mundo, se sentir pessoa, se valorizar, deveriam ser competências que todas as pessoas deveriam ter. E dentro dessa perspectiva que vejo a importância [...] ao fazer com que o sujeito se reconheça como sujeito ativo no mundo. Resgatar a auto-estima do aluno, o valorizar, e não o ter como uma tábua “burra” é um dos primeiros passos para se re-encantar a educação. Fazer com que o aluno acredite em si mesmo, é o primeiro passo para que ele respeite os colegas, para que ele se sinta gente capaz de fazer. Mas um se fazer gente, se reconhecer no mundo e com o mundo."( Prof. Luis Dhein)
Um forte abraço a voc Marli e Parabéns pelo excelente blog.

Unknown disse...

Sou Michelle aluna da UFPE, concluinte do curso de Pedagogia na área de RPG e Educação. Preciso urgentemente de professores que se disponibilizem a me ajudar respondendo uma entrevista sobre o uso do RPG na educação, é coisa simples! Preciso muito disso para concluir a análise dos dados!! Quem puder participar eu agradeço desde já! O meu email é: chuquinhachelle@gmail.com
Mandem um email para esse endereço que eu enviarei as perguntas. Obrigada

Wendell Costa disse...

Sou Wendell, aluno do curso de Licenciatura em Computação na UEPB, estou estudando a proposta de construir minha monografia em cima deste tema, a área que mais amo desde minha infância. Fiquei maravilhado com o vosso trabalho, um encanto... Espero podermos trocar mos algumas idéias quaisquer dia destes... Parabéns...

Marli Fiorentin disse...

Oi Wendell!

Bacana esse tema. Ainda muito pouco explorado nas escolas. Na verdade eu não tenho ainda incorporada em minha prática a atividade do RPG. Creio que preciso aprofundar mais os conhecimentos, mas se você realizar a monografia, não deixe de socializar.Abraço!

 
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